quarta-feira, 20 de janeiro de 2021

 

VIDA, LIBERDADE NA VERDADE

José Angelo da Silva Campos

 

De Deus criada, alma eterna,

Unida ao corpo, a liberdade.

Instante preso, cela materna,

Aguarda a hora, serenidade.

 

 

Lançado ao mundo em mão fraterna,

Chora do ar, que à venta invade.

Humilde, o olhar então encerra,

A pura expressão da santidade.

 

 

Na juventude esbanja alegria;

Arrisca tudo na tal liberdade.

Que pouco a pouco então se esvazia.

 

 

A alforria vem com a verdade,

Dom que ilumina a sabedoria,

Luz do caminho, vida, liberdade.

 

domingo, 15 de dezembro de 2019

NUM TEMPO DE REFLEXÃO


Num tempo de reflexão

José Angelo da Silva Campos



É isso!

É necessário que nos direcionemos ao silêncio; que busquemos o encontro com nosso “eu”, de uma forma em que sejamos capazes de ouvir.

Ouvir!

Quanto tempo do nosso dia reservamos para ouvir?

Normalmente, ao primeiro sinal que nos apresenta a manifestação de vida, seja num movimento, seja num som sem especificação, é ativado no nosso cérebro um processo de resposta rápida, programado para, num único ato, julgar e ofertar uma “sábia” palavra e, como consequência, em nada aproveitar da experiência gratuita daquela manifestação de vida que nos foi apresentada.

Precisamos da luz. É a luz que permite o conhecimento das formas, dos movimentos e das cores. Mas a luz também ofusca a visão do infinito.

Com tanta luz ao nosso redor, ficamos presos aos conteúdos mais próximos de nós. Tornamo-nos viventes de um mundo pequeno e finito, cuja razão da existência passa a ser efêmera e, por conseguinte, dependente da alegria passageira dos prazeres e conquistas materiais.

Nos dirigindo à ausência de luz artificial, numa noite de "céu de brigadeiro", há a revelação do espetáculo de luzes do infinito.

Assim como o silêncio, a escuridão também nos permite encontrar o verdadeiro sentido da vida.

Estamos num tempo de preparação para o encontro com o sentido da vida, que é o Natal, onde o próprio Deus se revela e se faz um de nós, Emanuel - Deus conosco, para que ao buscarmos o nosso eu, sejamos capazes de encontrar a Ele.

No silêncio e na escuridão ouvimos e vemos a Palavra e a Luz.

Que sejamos capazes de, a todo momento, buscarmos esse encontro pessoal com a Razão da vida, no mais íntimo do nosso ser.

E assim, provocarmos uma rede de Paz, Amor e Esperança neste barulhento e ofuscante mundo que vivemos.

Santo Natal e vida plena a todos!

quinta-feira, 2 de maio de 2019

A Poesia na Oração do Pai Nosso


A Poesia na Oração do “Pai Nosso

José Angelo da Silva Campos





O que é o poético? O que faz a essência da poesia?

De fato, sabemos que a poesia é uma arte. Arte literária.

Sendo arte, não se prende à rigidez das normas, mesmo ciente de que na forma clássica há regras que a sustentam.

O poema é fruto de uma criação e carrega consigo o pensamento, a sensibilidade e os valores do autor.

A forma (aparência) não faz do texto um poema, mas o conteúdo (substância) sim, pois é dela que abstraímos, encontramos o âmago da intenção do coração do poeta.

Eis a razão do poema: encontrar, em meio à aparência, a substância.

Nesse sentido, poema, a Oração do Pai Nosso, traz na forma (aparência) uma alocução dividida em sete partes.

Na substância, essas sete partes, são sete pedidos subdivididos em dois conjuntos: o primeiro contendo três pedidos formulados na segunda pessoa, versando sobre os assuntos de Deus neste mundo; o segundo conjunto contém quatro pedidos formulados na primeira pessoa do plural, que versam sobre as nossas esperanças, necessidades e indigências.

Há clara relação entre esses dois conjuntos de pedidos do Pai Nosso e as duas Tábuas do Decálogo, em substância, que são radicalmente desenvolvimentos das duas partes do mandamento principal: o amor de Deus e do próximo. A primeira Tábua fala da relação do homem com Deus e a segunda, da relação do homem com o próximo – instruções sobre o caminho do amor.

A formulação poética inicia-se no pensamento que se faz palavra e expressa conteúdo, daí o autor manifesta sua sensibilidade.

Portanto, normalmente o pensamento precede a palavra. Essa palavra deve trazer em si a essência do sentimento.

No caso da oração, essencial se faz que as palavras comuniquem com Deus, realizem esse encontro intimo entre criador e criatura.

São Bento marcou em sua regra a fórmula: “Mens nostra concordet voci nostrae”. “o nosso espírito deve estar em harmonia com a nossa voz” (Reg 19,7).

Na Oração dos Salmos essa lógica poética da precedência do pensamento, se desfaz.

A palavra, a voz, precede-nos, e o nosso espírito deve inserir-se nesta voz.

Pois, tão longe estamos de Deus, tão grande e misterioso, que nós mesmos não sabemos como rezar, e, em Lucas, o discípulo pede: “Senhor, ensina-nos a rezar...” (Lc 11,1).

E assim, na Oração do Pai Nosso, encontramos nas palavras (voz) o sentido, o pensamento que nos aproxima de Deus e nos permite, por Jesus Cristo, o autor, a chama-lo de Pai e, não somente Pai, mas, Pai Nosso.

“Meu Pai”, é exclusividade do Filho unigênito, que no pleno amor, nos adota como irmãos.

E é assim, nessa irmandade que com Cristo rezamos ao Pai pelo Espírito Santo.

Ao declamarmos esse poema, a oração do Pai Nosso, devemos olhar para a aparência e ver a substância que tem por objeto o Amor supremo, mar onde navega a poesia.

















Fundamentação doutrinal livremente extraída da obra:

Jesus de Nazaré: primeira parte: o batismo no Jordão à transfiguração / Joseph Ratzinger; tradução José Jacinto Ferreira de Farias. – São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2007.

sexta-feira, 21 de setembro de 2018

#ELE NÃO!? #TODOS OS OUTROS SIM!?


#ELE NÃO!?

#TODOS OS OUTROS SIM!?

José Angelo da Silva Campos



Ainda criança, lembro-me muito bem, tinha cerca de onze anos de idade, morava numa cidade de porte médio; minha rua era movimentada. Nos poucos momentos de lazer, brincava com os colegas vizinhos. Éramos quatro “amigos”.

Dos quatro, eu era o menos abastado, ou melhor, o mais pobre. As brincadeiras, que não tomavam muito tempo, eram regidas de muita imaginação. Os meninos tinham aqueles bonecos de super-heróis, Homem de Ferro, Superman, Thor, etc.

Eu não possuía bonecos, daí brincava usando um pequeno pedaço de madeira e, às vezes, usava um dos bonecos dos meus colegas.

Isso se passou no ano de 1974. Em minha casa (alugada) havia um aparelho de televisão que me permitia conhecer infinitos tipos de brinquedos, os quais, muitas vezes, faziam parte de um desejo secreto, que sabia eu que jamais seria realizado.

Estávamos brincando com os bonecos, quando um dos colegas, o mais abastado financeiramente, resolveu convidar-nos a brincar com ele, com um autorama, em sua casa.

Nunca havia visto, aliás até hoje nunca vi, um autorama. Naturalmente fiquei muito curioso.

Chegamos os quatro na porta da casa do menino, que dava acesso a uma escadaria.

O menino pediu que nós três aguardássemos um momento, porque ele iria pedir autorização à sua mãe para brincarmos juntos.

Pouco tempo depois, o menino retornou com a resposta da mãe. Apontando com o dedo aos dois meninos que nos acompanhavam, disse:

“Venha você e você”, em seguida apontou o dedo para mim e disse:

“#ELE NÃO!...............Porque minha mãe disse que a casa está limpa e ele vai sujá-la

Em mim me bateu um silêncio profundo.

Saí cabisbaixo, sem entender o que havia acontecido.

Com o tempo refleti:

Aquela Mulher (mãe), entendia que, por eu ser pobre, eu seria sujo. Ela me excluiu por um aspecto rotulado na sua mente (preconceito), de que todo pobre é sujo.

Esse fato, muito serviu na minha vida, para que eu jamais rotulasse, quem quer que fosse, por um preconceito qualquer.

Esse episódio gerou um trauma que, com o tempo, foi reescrito na minha memória como um ensinamento de respeito à dignidade humana.

Hoje, essa mesma frase traumática, volta à tona, trazendo consigo um sinal de asco e desejo de aniquilamento do podre que corrompe a moral humana.

Pessoas que, como aquela “Mulher e Mãe”, chamam a si o poder do discernimento entre o bem e o mal, condenam um candidato à Presidência da República, e todos os seus eleitores às amargas penas da Rejeição. Tudo isso sob a justificativa de uma certa “moral”.

Ao ouvir (ler) novamente essa maldita frase “ELE NÃO!”, ouço claramente dizerem “você e você podem subir.....”.

No meu raciocínio, em analogia ao acontecido comigo, e dentro do contexto eleitoral, entendo a manifestação assim: “Vera; Cabo Daciolo; Guilherme Boulos; Eymael; Fernando Hadad; Ciro Gomes; Geraldo Alckmim; Álvaro Dias; João Amoêdo; João Goulart Filho; Marina Silva, Henrique Meirelles,....... vocês podem subir........... ELE NÃO! (Jair Bolsonaro).

O pior de tudo é que justificam essa manifestação preconceituosa, como sendo em defesa da moral, dizem:

“[...]Então a nossa divergência não é política. A nossa divergência é moral.” 

Isso significaria que, moralmente falando, somente aquele determinado candidato seria imoral e, portanto, inelegível e que, seus eleitores compartilhariam do mesmo caráter imoral.

A dignidade humana reclama o seu respeito.

É triste, ainda encontrar “Mulheres Mães’ como aquela que numa visão preconcebida, eliminam alguém por um rótulo, sem se dar ao trabalho de avaliar a pessoa como realmente é, e, pior ainda, defendem, como moralmente ilibadas, pessoas presas por corrupção, processadas e indiciadas em acusações de corrupção, ativistas e francas defensoras do aborto, da extinção da moral cristã, etc.

Convém refletir, afinal:

“#ELE NÃO!”,  Significa:

“#TODOS OS OUTROS SIM!”


terça-feira, 19 de dezembro de 2017

TROVAS


TROVAS

José Angelo da Silva Campos



Da vida, apaixonada

A trova é expressão;

Qual noite enluarada,

De amor: declaração.





Meu coração trovador

Palpita todo alegria,

Quando oferece uma flor,

Cheia de amor e magia.





A minha alma inocente,

Razão do meu pensamento,

Transforma o que vem da mente;

Expressa o sentimento.





Mãezinha do Céu, Maria,

Mãe da mãezinha, Ana.

Agradar às duas, quem diria?

Só chamando, Mariana.


terça-feira, 5 de dezembro de 2017

ORAÇÃO - ALC


Oração (*)

José Angelo da Silva Campos





Somos todos convidados neste momento, a nos desvencilharmos das nossas armaduras e permitir que nossos pensamentos se voltem a uma reflexão, e que o mais íntimo da nossa alma encontre o diálogo perfeito com o Criador.

Tudo isso no mais puro Amor.

Afinal, “o amor é paciente, é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho / Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo.” (1Cor 13,4,7)

E é a esse Amor Pleno que dirigimos nossos pedidos, agradecimentos e lamentos.

Da Carta de São Paulo aos Efésios:

Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos abençoou com toda bênção espiritual nos céus, em Cristo.

Nele, Deus nos escolheu, antes da fundação do mundo, para sermos santos e íntegros diante dele, no amor.

Conforme o desígnio benevolente de sua vontade, ele nos predestinou à adoção como filhos, por obra de Jesus Cristo, para o louvor de sua graça gloriosa, com que nos agraciou no seu bem-amado.” (Ef 1,3-6)

Pedimos na graça recebida que, como pessoas, possamos ser verdadeiras janelas abertas donde se possa nitidamente ver esse Amor.

Que essa janela seja regra em tudo; naquilo que falamos, no que escrevemos e como agimos.

Pedimos paz; pedimos fé, esperança e amor.

O Amor, que tudo crê, na fé, nos leva a agradecer.

Então a Ti, Amor Infinito, agradecemos o dom da vida, a alegria da esperança e o crescimento que a dor provoca em nossos corações.

Até aquilo que pedimos que nos livre (“não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal.”) a Ti agradecemos, pois mesmo na tribulação sabemos que só a permitiste porque dali algo de melhor surgirá.

Afinal no centro de tudo está o Amor e assim manifesta o belo poema de Santa Teresa Dávila:



" Nada te turbe / nada te espante; / tudo passa. Deus não muda; / a paciência obtém tudo; / quem possui Deus / nada lhe falta / só Deus basta".



Que esta noite seja assim: Abençoada e generosa em alegria.

E que o Amor, como um vento a soprar o barco à vela da nossa imaginação, nos faça navegar no mar de prosas e versos que permeiam este solene encontro, deixando-nos em êxtase de paz e harmonia.

Amém!





(*) Lida no início da Sessão Solene de posse dos novos acadêmicos da Academia Literária Castelense (ALC) – 24/11/2017. FLIC – Festival Literário de Castelo – Castelo/ES.

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017

TEMPO


Tempo

José Angelo da Silva Campos





Hoje amanheceu chovendo.

Mas mesmo assim, estava quente e o relógio trabalhava.

A gente pensa.

Às vezes sonha, às vezes não.

O tempo passa.

Quando dormimos, ou estamos acordados; trabalhando; divertindo; chorando; brigando; rindo; falando; ouvindo; escutando....

.....O tempo passa.

Passa, passa, até quando?

Até quando vamos acompanhar o tempo passando?

O tempo não fala, não responde nem pergunta, apenas passa.

Se ficamos olhando o tempo.... passatempo.

Se não damos bola pra ele; sem percebermos, ele passa.

Loteado, o tempo é vendido ou comprado, num preço muito alto:

O tempo é caro.

Quanto tempo nos resta?

Onde comprar mais tempo?

Não há!

O tempo que temos não se abastece, não se repõe. Vem no pacote onde está a vida.

O volume do tempo que se tem é segredo. Ninguém sabe.

O que fazer com o tempo que não para de passar?

Com o tempo que não sabemos até onde vai?

Coisa misteriosa esse tal do tempo.

Tudo é medido nele, porém, ninguém sabe dele.

De que vale o nosso tempo?

O que levar dele, e pra onde?

O tempo foi feito pra gastar. Gastar da melhor forma possível......

Mas,...... qual é a melhor forma possível?

Quem economiza tempo, não ganha mais tempo.

Quem consome o tempo, não perde tempo.

O que fazer então?

Refletindo, o tempo passa.

Tempo não se gasta, não se compra, nem se vende......

O tempo não existe.

O que há, é a vida.

Enquanto existe, se chama tempo?

O que temos feito do tempo? Qual tem sido a prioridade dele?

Ops! O tempo não existe.......

Então é a vida?!

O que é a vida, senão a oportunidade? O tempo oportuno, sem medida, sem certeza, ......

A Vida também passa, passa junto com o tempo.

Como está a vida?

Donde vem? Pra onde vai? Como é que fica?

Tempo...

Vida...

Oportunidade........

Hoje amanheceu chovendo......