#ELE NÃO!?
#TODOS OS OUTROS SIM!?
José
Angelo da Silva Campos
Ainda criança, lembro-me muito bem, tinha
cerca de onze anos de idade, morava numa cidade de porte médio; minha rua era
movimentada. Nos poucos momentos de lazer, brincava com os colegas vizinhos. Éramos
quatro “amigos”.
Dos quatro, eu era o menos abastado, ou
melhor, o mais pobre. As brincadeiras, que não tomavam muito tempo, eram regidas
de muita imaginação. Os meninos tinham aqueles bonecos de super-heróis, Homem
de Ferro, Superman, Thor, etc.
Eu não possuía bonecos, daí brincava
usando um pequeno pedaço de madeira e, às vezes, usava um dos bonecos dos meus colegas.
Isso se passou no ano de 1974. Em
minha casa (alugada) havia um aparelho de televisão que me permitia conhecer
infinitos tipos de brinquedos, os quais, muitas vezes, faziam parte de um
desejo secreto, que sabia eu que jamais seria realizado.
Estávamos brincando com os bonecos,
quando um dos colegas, o mais abastado financeiramente, resolveu convidar-nos a
brincar com ele, com um autorama, em sua casa.
Nunca havia visto, aliás até hoje
nunca vi, um autorama. Naturalmente fiquei muito curioso.
Chegamos os quatro na porta da casa do
menino, que dava acesso a uma escadaria.
O menino pediu que nós três aguardássemos
um momento, porque ele iria pedir autorização à sua mãe para brincarmos juntos.
Pouco tempo depois, o menino retornou
com a resposta da mãe. Apontando com o dedo aos dois meninos que nos
acompanhavam, disse:
“Venha você e você”, em seguida
apontou o dedo para mim e disse:
“#ELE
NÃO!...............Porque minha mãe disse que a casa está limpa e ele vai
sujá-la”
Em mim me bateu um silêncio profundo.
Saí cabisbaixo, sem entender o que
havia acontecido.
Com o tempo refleti:
Aquela Mulher (mãe), entendia que, por eu ser pobre, eu seria sujo. Ela me
excluiu por um aspecto rotulado na sua mente (preconceito), de que todo pobre é
sujo.
Esse fato, muito serviu na minha vida,
para que eu jamais rotulasse, quem quer que fosse, por um preconceito qualquer.
Esse episódio gerou um trauma que, com
o tempo, foi reescrito na minha memória como um ensinamento de respeito à
dignidade humana.
Hoje, essa mesma frase traumática,
volta à tona, trazendo consigo um sinal de asco e desejo de aniquilamento do
podre que corrompe a moral humana.
Pessoas que, como aquela “Mulher e Mãe”, chamam a si o poder do
discernimento entre o bem e o mal, condenam um candidato à Presidência da República,
e todos os seus eleitores às amargas penas da Rejeição. Tudo isso sob a
justificativa de uma certa “moral”.
Ao ouvir (ler) novamente essa maldita
frase “ELE NÃO!”, ouço claramente
dizerem “você e você podem subir.....”.
No meu raciocínio, em analogia ao
acontecido comigo, e dentro do contexto eleitoral, entendo a manifestação
assim: “Vera; Cabo Daciolo; Guilherme Boulos;
Eymael; Fernando Hadad; Ciro Gomes; Geraldo Alckmim; Álvaro Dias; João Amoêdo; João
Goulart Filho; Marina Silva, Henrique Meirelles,....... vocês podem
subir........... ELE NÃO! (Jair Bolsonaro).
O pior de tudo é que justificam essa manifestação
preconceituosa, como sendo em defesa da moral, dizem:
“[...]Então a nossa divergência não é política. A nossa divergência é moral.”
Isso significaria que, moralmente falando,
somente aquele determinado candidato seria imoral e, portanto, inelegível e que, seus
eleitores compartilhariam do mesmo caráter imoral.
A dignidade humana reclama o seu
respeito.
É triste, ainda encontrar “Mulheres Mães’ como aquela que numa
visão preconcebida, eliminam alguém por um rótulo, sem se dar ao trabalho de
avaliar a pessoa como realmente é, e, pior ainda, defendem, como moralmente
ilibadas, pessoas presas por corrupção, processadas e indiciadas em acusações de
corrupção, ativistas e francas defensoras do aborto, da extinção da moral
cristã, etc.
Convém refletir, afinal:
“#ELE NÃO!”, Significa:
“#TODOS OS OUTROS SIM!”