Humanamente Possível
José Angelo da Silva Campos
“...‘pois
eu estava com
fome, e me
deste de comer; estava com
sede, e me
deste de beber; eu
era forasteiro,
e me recebestes em
casa; estava nu
e me vestistes; doente,
e cuidastes de mim; na prisão
e foste visitar-me.’ Então os justos lhe
perguntarão: ‘Senhor, quando
foi que te
vimos com fome
e te demos
de comer? Com
sede, e te
demos de beber?
Quando foi que
te vimos como
forasteiro, e te
recebemos em casa,
sem roupa,
e te vestimos? Quando
foi que te
vimos doente ou
preso, e fomos te
visitar?’ Então
o Rei lhes
responderá: ‘Em verdade
vos digo: todas as vezes
que fizestes isso
a um desses mais
pequenos, que
são meus
irmãos, foi a mim
que o fizestes!” (Mt 25,35-40)
A citação
bíblica acima foi escrita
por volta
dos anos 60 por
um discípulo
de Jesus Cristo de nome
Mateus e são
creditadas como palavras
do próprio Jesus Cristo.
Nada melhor
do que usar expressões tão fortes de respeito
ao ser humano
como pessoa,
do que a palavra
daquele que é considerado o próprio Deus por cerca de mais de noventa por
cento da população
brasileira, para
falarmos em Direitos
Humanos. Tais
declarações confirmam a preocupação nata
do ser humano
quanto à preservação
da sua espécie,
e principalmente, a sua
própria valorização no respeito à sua dignidade como pessoa e individuo, como
algo que
se busca desde
o inicio dos tempos.
Ser indivíduo
significa ser único
e indivisível. O ser
humano, somente
é humano, quando
em si
comporta o brilho
da vida associado
à liberdade e a abundância
dos insumos essências
à manutenção dessa liberdade,
quais sejam, saúde,
livre pensar, expressar e andar,
alimentação, laser,
proteção e dignidade.
Sendo o ser humano
indivíduo, portanto
indivisível, a ausência
de qualquer insumo
que o faça completo
determina sua descaracterização
como tal.
A nossa
natureza provoca uma constante luta
pelas conquistas, somos impelidos a buscar sempre mais, e isso também gera uma luta
muitas vezes desumana
pelo poder. Essa nossa característica aliada à nossa necessidade intrínseca
de viver em sociedade, exige de nós
a criação de normas
objetivas que
delimitem os espaços de cada individuo. Aí
surge o Direito como
uma ciência que
estuda a relação
humana e provoca a criação
de normas que
visam trazer equilíbrio
nesse confronto natural
de forças desiguais,
protegendo os mais fracos
para que a solução dos conflitos
de interesses seja equânime.
Na evolução
histórica do nosso
mundo, hoje
temos Leis, Declarações,
Tratados e Compromissos
de chefes de Estado
que protegem essa individualidade
da pessoa humana.
Porém, tudo
está no papel. Da letra
fria à prática,
falta aquilo
que a natureza
inteligentemente nos
ensina: Começar pequeno;
formar boa base,
e renovar sempre.
Uma centenária árvore
surge de uma semente miúda que na terra cria raízes,
cresce viçosa e lentamente,
renova suas folhas
constantemente, adquire tronco viril e copa majestosa que produz sombra
e frescor a todos
que dela se aproximam, e lança novas sementes pelos frutos que dela
nascem.
Aos Direitos
Humanos falta nossa
alma. Direitos
Humanos não
são utopias,
porque falam de vida,
e a vida não
é sonho. Vida
é ação contra
a omissão. Omissão é covardia. Viver requer coragem, coragem para
amar, coragem para servir, coragem
para enxergar-se na pessoa
daquele que sofre e abraçar
a sua causa.
Portanto, Direitos
Humanos têm a amplitude
da existência humana,
pois como escopo está a proteção
à vida, e vida
em plenitude.
Exercitar o respeito
aos Direitos Humanos,
não é função
carente de ação
divina, depende da atitude
de cada um
de nós e é humanamente
possível.