Como aceitar os
percalços da vida?
José Angelo da Silva
Campos
Nascer bonito,
saudável, em berço de ouro. Crescer como um príncipe, inteligente, sortudo,
rico e muito feliz. Envelhecer com plena saúde física e mental, gozando a vida.
Morrer sorrindo, ter um féretro glamoroso que fica na memória da sociedade por
longo tempo.
Nascer desprovido de
beleza física, com saúde debilitada, em um lar fragilizado, adornado pela
miséria, onde a fome reina e as doenças proliferam. Crescer às duras penas do
martírio, raquítico, com o intelecto afetado pela desnutrição, paupérrimo,
azarado, infeliz. Envelhecer por pura sorte, se aumentar o tempo no sofrimento
puder ser considerado sorte, todo doença, senil e dependente da caridade humana
para as ações mais simples da vida. Morrer como indigente e assim ser lançado
em cova rasa.
Nascer em um lar
feliz, como um presente para coroar uma linda história de amor. Ainda na
infância, do nada, como se por castigo, recebe uma sentença de dor e sofrimento
culminada com a morte precoce. A tristeza e o inconformismo entoam o féretro
doloroso.
Todas as situações
terminam no mesmo mistério, a morte. Mesmo sendo uma morte com toda pompa,
outra na miséria e a terceira com a sensação de injustiça pela precocidade,
todas carregam consigo a grande dúvida: E aí? É justo isso? Tudo acabou? Há
algo além desta vida?
A resposta para
entender este mistério está na fé.
O que é fé? Fé é a
certeza da realização daquilo que se espera. Portanto, para se ter fé, há que
se ter esperança. A esperança é uma expectativa do alcance de algo que se crê e
deseja. Portanto para se ter fé é necessário que creia e tenha esperança.
E onde encontrar a fé?
Em tudo que nos leva
ao encontro do Deus que se revela.
Deus se revelou em
Jesus Cristo, portanto, seguindo Jesus encontramos o sentido e a plena felicidade
cuja busca inócua neste mundo limitado e finito afoga nossa alma no desânimo.
Resumindo a fé:
acreditar que há um mundo de verdadeira felicidade, onde a vida será eterna, e
que a entrada para este mundo depende da fidelidade e total entrega ao Senhor
que dá a vida.
Considerando que por
amor esse Senhor que dá a vida enviou-nos seu próprio filho para assumir a
nossa humanidade, sofrer e morrer para ressuscitar e antes de retornar ao Pai,
deixar conosco o Espírito Santo para defender-nos de tudo que nos distancie do
Caminho que leva ao Reino que há de vir.
A vida tem um único
propósito, promover o nosso ingresso no Reino de Deus, onde ela se faz plena e
abundante. Portanto, tudo que há nesta vida tem caráter transitório, não sendo
possível concebermos a felicidade fora do convívio de Deus, fato que somente
concretizará com a vinda gloriosa de Jesus Cristo, que julgará a todos, vivos e
mortos.
O cristão suporta o
sofrimento e busca a felicidade verdadeira que sabe só encontrar em Deus.
Usufrui das benesses dessa vida como benevolência de Deus para ser
compartilhada numa ação de serviço na apresentação do Caminho que leva ao Pai,
àqueles que trilham estrada sinuosa.
Deus nos julga, mas
quem nos condena somos nós mesmos.
Deus deseja a nossa
salvação, mas permite que a decisão seja nossa.
Jesus sempre se
mostrou compassivo com o sofrimento humano. Sempre que teve oportunidade curou
os enfermos. Porém, em primeiro lugar apresentava a cura espiritual, a
salvação, a libertação da prisão do mundo e suas mazelas.
Jesus sofreu e morreu
pregado na cruz e ressuscitou, não aboliu do mundo a dor e o sofrimento, mas
trouxe-nos a salvação e o refrigério do seu amor.
Crendo na vida eterna,
entregamos os nossos sofrimentos a Deus, louvando e glorificando-O pela vida,
não importando o seu tempo de duração nem os seus percalços, bastando que seja
uma vida que nos permita ir ao encontro jubiloso do Pai pela fé em Jesus
Cristo, iluminados pelo Espírito Santo.