Cristo Jesus,
Único Mediador entre Deus e a Humanidade. (*)
“Pois há um só Deus e um só mediador entre
Deus e a humanidade: o homem Cristo Jesus, que se entregou como resgate de
todos.” (1Tm 2,5)
José Angelo da Silva Campos
Não creio que exista dúvida em
qualquer verdadeiro cristão quanto à veracidade da afirmativa de que Jesus é o
ÚNICO mediador entre Deus e os homens, porém, qual seria a justificativa para
que nós cristãos sejamos tão insistentes em interceder a Deus por aqueles que
nos procuram, com orações, imposição de mãos, etc.?
Se é TAXATIVO que Jesus Cristo é
o ÚNICO mediador, estaríamos nós participando de uma grande farsa? E o que
dizer então da intercessão dos santos? Seria um ato de “mediunidade”, prática
do espiritismo?
A resposta é simples:
Jesus Cristo É o ÚNICO mediador.
Porém, Jesus Cristo não é
sozinho. Cristo tem um Corpo, que é a Igreja, Cristo é a cabeça e nós batizados
somos os membros desse corpo, portanto membros desse Único mediador que é Jesus
Cristo, o Cristo total, cabeça e membros.
Assim, enquanto Igreja, membros
do Corpo de Cristo que tem o próprio Cristo como cabeça, nossa intercessão se
faz válida.
Não há como contestar a
intercessão dos membros do Corpo de Cristo (Igreja) nos vários textos bíblicos:
“Pedro e João estavam subindo ao templo para a oração das três da tarde.
Vinha sendo carregado um homem, coxo de nascença, que todos os dias era
colocado na porta do templo chamada Formosa, para pedir esmolas aos que
entravam. Quando viu Pedro e João entrarem no templo, o homem pediu uma esmola.
Pedro, com João, olhou bem para ele e disse: ‘Olha para nós!’ O homem ficou
olhando para eles, esperando receber alguma coisa. Pedro então disse: ‘Não
tenho ouro nem prata, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o
Nazareno, levanta-te e anda!’ E tomando-o pela mão direita, Pedro o levantou.
Na mesma hora, os pés e os tornozelos do homem ficaram firmes, ele saltou,
ficou de pé e começou a andar. E entrou no templo junto com Pedro e João,
andando, saltando e louvando a Deus.” (At 3,1-8)
“Deus realizava milagres extraordinários pelas mãos de Paulo, a tal
ponto que pegavam lenços e aventais que tivessem tocado sua pele, para
aplicá-los sobre os doentes, e as doenças os deixavam e os espíritos maus se
retiravam.” (At 19,11-12)
“Chegavam a transportar para as praças os doentes em camas e macas, a
fim de que, quando Pedro passasse, pelo menos sua sombra tocasse alguns deles.
A multidão vinha até das cidades vizinhas de Jerusalém, trazendo doentes e
pessoas atormentadas por maus espíritos. E todos eram curados.” (At
5,15-16)
E quanto à intercessão dos
santos?
Os santos são membros da Igreja
(Corpo de Cristo) que morreram. A morte não separa um membro do corpo de
Cristo, ou seja, do amor de Cristo.
“Quem nos separará do amor de Cristo? Tribulação, angústia, perseguição,
fome, nudez, perigo, espada? Pois está escrito:
‘Por
tua causa somos entregues à morte, o dia todo; fomos tidos como ovelhas
destinadas ao matadouro.’
Mas,
em tudo isso, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou. Tenho
certeza de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o
presente, nem o futuro, nem as potências, nem a altura, nem a profundeza, nem
outra criatura qualquer será capaz de nos separar do amor de Deus, que está no
Cristo Jesus, nosso Senhor.”
(Rm 8,35-39)
De que adiantaria a gente ser
batizado, tornar-se membro do Corpo de Cristo nesta vida, se a morte pusesse
fim em tudo isso? Para que serviria isso tudo se não fosse para depois da vida,
se não fosse para a salvação?
Disse Jesus: “Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que
permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim nada podeis
fazer.” (Jo 15, 5)
Portanto Cristo, com seus membros,
continua mediador e nem a morte tem o poder de desmembrá-lo. A morte não nos
excomunga do Corpo de Cristo.
A tradição da Igreja, ainda antes
de definir os vinte e sete livros do Novo Testamento, sempre buscou a
intercessão dos santos, desde os tempos das catacumbas, nos primórdios da
Igreja, onde encontram-se registradas nas telhas os escritos solicitando a
intercessão de Pedro e Paulo.
O Apocalipse narra a oração dos
santos (cristãos mortos) quando ainda não havia ocorrido a ressurreição, no
tempo da tribulação:
“Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar aqueles que tinham sido
imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que tinham dado. Gritaram
com voz forte: ‘Senhor santo e verdadeiro, até quando tardarás em fazer
justiça, vingando o nosso sangue contra os habitantes da terra?” (Ap
6,9-10)
Os Mártires:
“Então, um dos anciãos falou comigo, perguntando: ‘Estes, que estão
vestidos com túnicas brancas, quem são e de onde vieram?’ Eu respondi: ‘Tu é
que sabes, meu senhor’. Ele então me disse: ‘Estes são os que vieram da grande
tribulação. Lavaram e alvejaram as suas vestes no sangue do Cordeiro. Por isso,
estão diante do trono de Deus e lhe prestam culto, dia e noite, no seu
santuário. E aquele que está sentado no trono os abrigará na sua tenda. Nunca
mais terão fome, nem sede. Nem os molestará o sol, nem algum calor ardente.
Porque o Cordeiro, que está no meio do trono, será o seu pastor e os conduzirá
à fontes da água vivificante. E Deus enxugará toda lágrima de seus olhos.’” (Ap 7,13-17)
Assim, os cristãos falecidos,
aqueles que viram e creram verdadeiramente naquele que o Pai enviou, Cristo
Jesus, permanecem membros do Corpo de Cristo e participantes na mediação junto
ao Pai:
“Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em
mim nunca mais terá sede.” (Jo 6,35)
“Todo aquele que o Pai me dá, virá a mim, e quem vem a mim eu não
lançarei fora, porque eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a
vontade daquele que me enviou. E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu
não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. Esta
é a vontade do meu Pai: quem vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o
ressuscitarei no último dia.” (Jo 6,37-40)
Conclusão:
Jesus Cristo é o ÚNICO MEDIADOR
entre Deus e os homens e somos todos convidados, através do Batismo e pela fé a
nos fazermos membros do seu corpo, que é a Igreja e, conforme sua promessa,
auferirmos a vida eterna, mantendo-nos fiéis ao seu amor, do qual nem a morte
pode nos separar, somente a nossa descrença.
(*)
Texto inspirado no Resposta Católica nº 18 (Intercessão dos Santos), Programa
do site www.padrepauloricardo.org,
(https://www.padrepauloricardo.org/episodios/intercessao-dos-santos)