domingo, 12 de outubro de 2014

O "MEU" 12 DE OUTUBRO



O “meu” 12 de outubro
José Angelo da Silva Campos

Traz lembranças, saudade e nostalgia.                                                                                 
Traz também tristeza pela sensação de algo que se perdeu no tempo.
Eu, criança, relacionava, e por muito tempo relacionei, essa data com a grande festa da fé, homenagem à padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
Ouvindo a narração enfática pela Rádio Aparecida, os fogos pipocavam no som da rádio e eram sufocados pelo foguetório local.
Era meio dia, a hora da Ave Maria. O foguetório parecia uma guerra, um verdadeiro bombardeio. Eu, menino, corria para baixo da cama, me escondia do foguetório, abandonava as orações e chorava de medo. Como sofria, mas como era bom. Inexplicável essa sensação, uma mistura de medo, fé, expectativa e alegria.
Dia das crianças? Não me lembro. Talvez alguma referência na escola, porém, sinceramente não recordo. A festa de Nossa Senhora Aparecida sobrepunha a tudo.
Hoje, fui à Missa das crianças. A celebração foi festiva em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. Fora da Missa, vejo o mundo girando em torno da festa das crianças. Hoje é o dia delas.
Meio dia, a memória busca em mim uma sensação da experiência da infância. Rezo o ângelus e aguço os ouvidos para o “bombardeio”........ Silêncio. Um foguete pipoca ao norte, outros quatro ao sul em estalos esparsos.
Acabou.
Eu me pergunto: o “meu” 12 de outubro não existe mais? Será que a fé se esvaziou? Os valores mudaram?
Sem respostas, sigo na saudade e esperança de que a tradição não se perca e juntos sejamos capazes de festejar a alegria das crianças sob a proteção da mãe de Deus, Maria, aquela que Jesus nos presenteou aos pés da sua cruz, para que, puros como as crianças, alcancemos o Reino dos Céus.

sábado, 11 de outubro de 2014

O QUE É A VIDA?



O que é a vida?
José Angelo da Silva Campos


Tudo depende dos parâmetros. Então, a primeira pergunta a ser respondida é: o que é parâmetro? Parâmetro é uma palavra de origem grega que significa medir uma coisa por outra, ou em paralelo com outra.
Se usarmos como parâmetro a biologia, uma visão científica (estudiosa) dos seres vivos em que a vida é algo que se opõe à morte, ou seja, está restrita àquilo que é visível e justificável pela razão: A vida humana seria apenas uma peça da composição fantástica do ecossistema, favorecendo para a evolução e modificação do ambiente conforme suas ações transformadoras, cuja participação dos seres humanos é, sem sombra de dúvidas, protagonista por sua perigosa capacidade de mudar o ambiente natural provocando reações da natureza, muitas vezes catastróficas.
Assim, a vida seria apenas uma passagem sem origem e sem destino. Um composto de matéria com ações funcionais mecânicas e automáticas e inexplicável capacidade de raciocínio misturada com fortes doses de emoções e sentimentos.
Mas como tocamos em raciocínio, emoções e sentimentos, podemos meditar o tema sob o parâmetro da filosofia. Neste parâmetro, saímos um pouco do rigor exato da ciência biológica e adentramos com amor (sentimento) à ciência, investigamos o conhecimento além do visível, do palpável. A vida passa a relacionar-se com a busca de um sentido, é a “psique”, palavra de origem grega que significa ‘sopro de vida’, ‘alma’, que diferentemente da “bios”, que significa vida e se opõe à morte, a oposição à “psique” seria o desânimo, a falta de sentido.
Assim, vida seria algo mais complexo, um pouco mais que um monte de matéria animada, mas a matéria direcionada, dirigida por uma alma, um sentido além do mecanismo da circular cadeia do ecossistema: nascer, viver, morrer, nascer, viver, morrer...
Passamos a pensar e vimos com isso que somos seres pertencentes ao ecossistema, porém, não somos iguais aos demais seres existentes. E a grande diferença não está no pensamento, na inteligência, na nossa capacidade intelectual de criar e modificar as coisas. A grande diferença está adstrita à alma. Incrível, mas sempre ouvi falar que a diferença entre nós humanos e os animais era que nós temos alma e eles não. Hoje estou convencido disso.
Pois a alma busca um sentido, uma satisfação plena dentro do seu próprio plano existencial. O plano existencial da alma não é o plano físico. Portanto tal satisfação não pode ser alcançada no meio onde subsiste a “bios”, essa vida que morre, então, aonde saciar a alma?
Os animais não têm crise existencial, tudo que necessitam, há aqui na terra. O ser humano é um ser insaciável, porque não há na terra algo capaz de satisfazê-lo plenamente, sempre que procurar felicidade nas coisas do mundo, restará um vazio a ser preenchido por algo que aqui não existe.
A satisfação, a felicidade, somente se realiza com plenitude quando o ser humano encontra o seu destino, que nada mais é do que a sua própria origem, o seu criador.
Esta é a pergunta que responderemos sob um parâmetro transcendental:
De onde viemos e para onde iremos?
O que é a vida, senão essa busca constante em reencontrar-se com a sua origem, atingir a plenitude nesse magnífico encontro com a fonte e origem de tudo que há:
O Amor na sua essência, o próprio Deus.