O
“meu” 12 de outubro
José
Angelo da Silva Campos
Traz
lembranças, saudade e nostalgia.
Traz também tristeza pela sensação de
algo que se perdeu no tempo.
Eu, criança, relacionava, e por
muito tempo relacionei, essa data com a grande festa da fé, homenagem à
padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida.
Ouvindo a narração enfática pela Rádio
Aparecida, os fogos pipocavam no som da rádio e eram sufocados pelo foguetório
local.
Era meio dia, a hora da Ave Maria. O
foguetório parecia uma guerra, um verdadeiro bombardeio. Eu, menino, corria para
baixo da cama, me escondia do foguetório, abandonava as orações e chorava de
medo. Como sofria, mas como era bom. Inexplicável essa sensação, uma mistura de
medo, fé, expectativa e alegria.
Dia das crianças? Não me lembro. Talvez
alguma referência na escola, porém, sinceramente não recordo. A festa de Nossa
Senhora Aparecida sobrepunha a tudo.
Hoje, fui à Missa das crianças. A
celebração foi festiva em homenagem à Nossa Senhora Aparecida. Fora da Missa,
vejo o mundo girando em torno da festa das crianças. Hoje é o dia delas.
Meio dia, a memória busca em mim
uma sensação da experiência da infância. Rezo o ângelus e aguço os ouvidos para
o “bombardeio”........ Silêncio. Um foguete pipoca ao norte, outros quatro ao
sul em estalos esparsos.
Acabou.
Eu me pergunto: o “meu” 12 de outubro
não existe mais? Será que a fé se esvaziou? Os valores mudaram?
Sem respostas, sigo na saudade e
esperança de que a tradição não se perca e juntos sejamos capazes de festejar a
alegria das crianças sob a proteção da mãe de Deus, Maria, aquela que Jesus nos
presenteou aos pés da sua cruz, para que, puros como as crianças, alcancemos o
Reino dos Céus.