Pessoas Brilhantes
José Angelo da Silva Campos
A natureza é autônoma e regida por uma
Inteligência divina. Nela vemos o ciclo da vida repetir-se em forma e método,
na imensidão do cosmos e no reduzido microcosmos.
Nesse turbilhão de energia que provoca
e é provocada pelos ciclos existenciais de todas as formas, encontramos patente
o estresse, que nada mais é que o tensionamento de uma matéria até o limite da
sua resistência.
Esse tensionamento, enquanto não
rompe, provoca dor. Daí, não estaríamos mentindo se disséssemos que a toda
transformação na natureza existe dor.
Observemos um lindo brilhante
encastoado num anel de ouro branco. Quantas cores, que transparência paradoxalmente
unida a um tom opaco, que faz do seu brilho algo tão exclusivo ao ponto de
tornar-se seu nome: “brilhante”.
Essa joia tão desejada, tem na sua
composição química um paralelo com o carvão. É o carbono a composição de ambas.
Mas as semelhanças param por aí. É a alta pressão, forte tensão, aplicada ao
carbono que provoca a formação do diamante. Portanto, é a forte carga de
estresse o grande diferencial em se obter da mesma matéria do carvão, um
mineral da mais alta resistência, que submetido ao atrito com qualquer outra
matéria conhecida, sai sempre vencedor, daí o título de pedra mais dura que há.
O diamante bruto, como o nome diz, é
bruto demais para servir de adorno. Assim, ele é submetido a nova carga de
estresse, sofre cortes e polimentos até que sua forma lapidada, unida ao ouro e
à platina, o transforme na mais desejada peça ornamental, o brilhante, “a joia”.
A dor dói, mas produz brilho e excelência.
A vida é bela.
A vida humana é o que há de mais belo
na natureza.
Da dor do parto nasce uma linda e
reluzente criança, um verdadeiro diamante bruto: lindo, forte, mas carente de
lapidação.
São os atritos do convívio com nossos
semelhantes que permitem o aparar das arestas e o polimento da nossa tez, para
que mais que a nossa luz própria, sejamos capazes de brilhar, refletindo a luz
do amor e da amizade que recebemos uns dos outros.
No convívio diário, nas nossas concessões,
nossas rejeições, nossas dificuldades e vitórias, cumprimos um ciclo comum a
todos os elementos da natureza, com o diferencial de que carregamos conosco um
brilho próprio, concedido pela graça, que, mais que iluminar o mundo, transmite
na amizade essa contagiante energia do amor que faz de nós pessoas brilhantes.